2º Dia-Edificando segundo o propósito eterno

10/10/2012 23:41

 

Segundo Dia
Edificando segundo o propósito eterno
 
Hoje em dia, há uma grande preocupação em relação a trabalhar na Igreja com um propósito claro em mente. Isso é muito bom, mas, se observarmos os propósitos, veremos que eles não são o propósito eterno. Normalmente são o evangelismo, as missões, os ministérios, a comunhão, a assistência social, etc. Tudo isso é bom, mas a vontade de Deus é que edifiquemos de acordo com o propósito mais elevado, o propósito eterno.
O propósito eterno de Deus é ter um lugar para habitar. Por toda a Bíblia, desde o Velho até o Novo Testamento, vemos que Deus está edificando Sua habitação eterna. Esse é o tema principal, recorrente ao longo das Escrituras; as histórias mudam, mas o tema central permanece presente.
 
O tema da Bíblia é a Casa de Deus
Desde o início da Bíblia até seu final, a ênfase está no edifício de Deus, em Sua casa. Em Gênesis 2, lemos a respeito do jardim do Éden, onde encontramos três tipos de materiais preciosos: o ouro, a pérola (bdélio) e as pedras preciosas. Esses três elementos são mencionados no começo porque aquele jardim era um anteprojeto da Casa de Deus. Assim, o que vemos no Éden na forma de materiais, encontramos em Apocalipse 21 e 22, na Nova Jerusalém, na forma de edificação. Ouro, pérola e pedras preciosas são os mesmos materiais que compõem a Nova Jerusalém – a consumação do plano de Deus. 
Existem muitas similaridades entre o Éden e a Nova Jerusalém. No jardim, Deus tinha comunhão com Adão, mas na Nova Jerusalém, temos a habitação de Deus com o homem. No Éden temos um noivo, uma noiva e o primeiro casamento; na Nova Jerusalém, encontramos o Senhor Jesus se unindo à Sua Noiva pela eternidade. No Éden e na Nova Jerusalém, encontramos a Árvore da vida e o rio que flui para a vida. Assim, vemos que a Nova Jerusalém é a consumação do propósito eterno de Deus iniciado lá no Éden.
O jardim do Éden é como se fosse um símbolo, um projeto, mas a Nova Jerusalém é a consumação e a realidade. Entre esses dois eventos, temos todo o conteúdo da Bíblia, onde vemos, a todo o momento, o Senhor repetindo o tema da Sua casa, o lugar da Sua habitação eterna. 
Depois do Éden, encontramos a arca de Noé, um protótipo da casa de salvação de Deus. Assim como a Arca naqueles dias, a Igreja, hoje, é a casa que nos livra do juízo que há de vir.
Mais tarde, Deus chama Abraão para fora de sua cidade, Ur dos caldeus. Abraão foi o primeiro “chamado para fora”, que é o significado da palavra grega ekklesia, traduzida por “igreja”. Todos aqueles que são filhos de Abraão também são chamados para fora. 
A seguir, Deus ordena que Abraão percorra a terra habitando em tendas. Ao contrário do que alguns podem pensar, ele não habitava em tendas porque era nômade; ele fazia isso numa atitude profética. 
Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. (Hb 11.9,10)
O livro de Hebreus nos revela que Abraão habitava em tendas porque viu a cidade de Deus, a Nova Jerusalém, a habitação de Deus, a cidade que tem fundamentos. Tudo isso aponta para a Igreja, portanto, Abraão, pela fé, viu a Igreja. Enquanto os homens construíam a torre de Babel, ele habitava em tendas profetizando que a Nova Jerusalém viria. E todos aqueles que são descendentes de Abraão devem ter a mesma visão. 
Certo dia, Jacó, o neto de Abraão, repousou tendo uma pedra por travesseiro e, então, teve um sonho maravilhoso, onde via uma escada que ligava a terra ao céu, e anjos de Deus que subiam e desciam por ela. Quando acordou, Jacó derramou azeite sobre a pedra, dizendo que aquela era a Casa de Deus, e chamou aquele lugar Betel, que significa Casa de Deus. Jacó teve a mesma visão de Abraão, e essa foi a primeira vez que a Casa de Deus foi mencionada na Bíblia. (Gn 28.11-17).
Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus. (Gn 28.16,17)
Depois disso, os descendentes de Abraão foram escravos no Egito durante 400 anos. Segundo nos relata o livro de Êxodo, o povo de Israel foi escravizado para construir as cidades-celeiro de Faraó. Porém, ao invés de construírem-nas com ouro, pérola e pedras preciosas, eles utilizavam tijolos feitos de barro – o mesmo material usado para construir a torre de Babel. Portanto, tijolos nos falam de coisas terrenas, obras humanas, mas as pedras apontam para coisas celestiais. 
Eles, então, clamaram a Deus, e o Senhor lhes enviou Moisés. Por meio de Moisés o Senhor chamou o povo de Israel para servi-lo no monte Sinai, e o serviço era edificar a Casa de Deus, o tabernáculo. No dia em que o tabernáculo foi levantado, a nuvem da glória de Deus veio sobre ele. O propósito eterno de Deus começava a ganhar forma!
Mais tarde, o Senhor levantou Davi como rei, e este tinha um desejo: trazer a arca de Deus para Jerusalém. Certo dia, Davi pensou que todos tinham uma casa, exceto Deus; decidiu, então, fazer uma casa para Ele. Davi tinha a obsessão de querer ver estabelecida a casa do Senhor, e levantou um tabernáculo que ficou conhecido como Tabernáculo de Davi. Quando foi reconhecido como rei de Israel, ele tomou a arca da aliança e a colocou numa tenda em Sião, onde pôs sacerdotes que ministravam diante da arca de dia e de noite, profetizando, adorando e ministrando ao Senhor. Nessa função, doze sacerdotes se revezaram de hora em hora, durante vinte e quatro horas, pelo período de quarenta anos. Mais uma vez, percebemos que Davi estava profetizando a respeito da Igreja do Novo Testamento. 
Hoje, já não há mais o véu, todos somos sacerdotes e podemos ministrar diante da Arca. Mas o fato de serem apenas doze sacerdotes em cada hora aponta para algo como a célula, pois se fossem em maior número, não seria possível que todos profetizassem. Se houvesse uma centena deles, inevitavelmente alguns se tornariam espectadores, mas sendo doze, todos podiam ministrar. Essa é a Igreja do Novo Testamento: a célula.
Davi, porém, não edificou o templo, pois Deus determinou que ele fosse construído por Salomão. Assim, no dia da dedicação do templo, a nuvem da glória do Senhor desceu sobre o santuário de tal maneira que ninguém podia estar ali para ministrar. Davi queria trazer a arca para Jerusalém para ter a glória de Deus, mas, para tê-la, precisamos edificar a Casa. A glória do Senhor repousa somente sobre a Casa de Deus.
Cerca de 350 anos depois, os babilônios destruíram o templo construído por Salomão e o povo de Israel foi levado cativo para a Babilônia. Vejamos aqui a edificação da obra maligna: enquanto Abraão habitava em tendas, o inimigo construía a torre de Babel; enquanto Deus queria usar Seu povo para edificar o tabernáculo, o diabo o escravizava para construir as cidades-celeiro de Faraó. Agora, Babel se tornara Babilônia, vindo para destruir o templo do Senhor. Contudo, setenta anos depois, os israelitas voltaram a restauraram a Casa de Deus, o templo. Todos os profetas profetizavam exortando o povo a, novamente, edificar a Casa de Deus. 
O Novo Testamento começa com o Verbo se fazendo carne e vindo habitar entre nós. Deus, agora, habita no meio do Seu povo. Mas, algo que poucos percebem é que o Senhor foi crucificado por causa da Casa de Deus. Ele disse aos fariseus: “destruam esse templo e em três dias o reedificarei” (Mc 15.29). Ele se referia a Seu corpo, mas os religiosos o crucificaram com esse argumento. Contudo, a crucificação foi apenas o caminho para a ressurreição. Agora, o Senhor está vivo e liberou o Espírito para habitar em nós. Deus agora não vive em templos feitos por mãos humanas, mas habita em sua Igreja. Em três dias, o templo de Deus, que é a Igreja, foi edificado.
Depois, o Senhor levantou o apóstolo Paulo, revelando a ele o plano da edificação. Paulo se declara o mestre construtor da Casa de Deus, e escreveu um quarto do Novo Testamento para nos mostrar o caminho da edificação. O tema central do Novo Testamento é a Casa de Deus e como construí-la.
Toda a história do Velho Testamento aponta para a realidade da Igreja do Novo Testamento, que é a Casa de Deus, o templo do Deus vivo, que tem a perfeita consumação na Nova Jerusalém. Por tudo isso, percebemos que o propósito eterno de Deus é ter uma casa para habitar no meio dos homens e nos homens. 
No final de tudo, em Apocalipse, o que vemos é a edificação de Deus, a Nova Jerusalém, que é a composição de todos os redimidos. Na Nova Jerusalém, Deus e os homens estão unidos como um único edifício, a divindade misturada à humanidade. Deus é o conteúdo, o homem é o vaso; Deus é a vida, o homem é a expressão da vida de Deus.
O Senhor deseja um lugar de habitação, este é o propósito eterno de Deus. É ele que deve dirigir nossas ações e motivar a Igreja, não o evangelismo, nem missões, obras sociais ou mudança da sociedade. Essas coisas são boas, mas não são o centro do coração de Deus.
Em Mateus 16, Jesus disse que edificaria Sua Igreja (Mt 16.18), e essa é a obra que o Senhor está fazendo hoje. Portanto, se desejamos cooperar com o Senhor na obra de edificação da Igreja, precisamos nos empenhar para edificar a Casa de Deus de acordo com Sua vontade. Se cada membro de célula entender o 
que está fazendo, trabalhará com encargo e amor. Não estamos meramente fazendo reuniões nas casas, estamos edificando a Igreja, a Casa de Deus, segundo o Seu propósito eterno.
 
O alvo do nosso trabalho é a edificação da Casa de Deus
Muitas igrejas colocam a ênfase no evangelismo, o que é bom, mas depois de evangelizar, não sabem o que fazer com as pessoas. Elas não estão edificando casa para Deus, não possuem o estilo de vida de uns para os outros. Esse tipo de evangelismo acaba sendo em vão, pois não resulta na edificação da Casa de Deus nem é motivado pela revelação de que o Senhor deseja ter Sua casa sobre a terra.
Hoje, o que está na moda é a transformação da sociedade. As igrejas querem fazer uma grande obra social, mas seu trabalho não resulta na edificação da Casa do Senhor, pois a motivação dessas pessoas não é o propósito eterno de Deus. Em Mateus 16, vemos o Senhor dizendo que edificaria Sua Igreja. Esse é Seu trabalho hoje e, se não estivermos envolvidos nessa edificação, não podemos dizer que estamos fazendo obra de Deus. Se o Senhor está edificando Sua Igreja, é isso o que devemos estar edificando também.
Alguns, além de ganhar almas, também colocam a ênfase em poder, cura, sinais e dons espirituais. Mas, qual é o propósito dos dons e do poder? Em 1 Coríntios, lemos que é a edificação da Casa de Deus.
Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação. (1Co 14.26)
O termo grego para “edificar” é oikodomeu, que significa “construir a casa do Senhor”. Infelizmente, a maioria das igrejas evangélicas é conduzida por propósitos menores e secundários. A palavra edificar tornou-se sinônimo de algo inspirativo ou instrutivo, contudo, a idéia original é a de construir algo para a presença de Deus.
O propósito eterno de Deus foi estabelecido desde a eternidade: Deus deseja ter Sua casa. Não porque não a tivesse, pois o motivo é exatamente o contrário. Deus quis trazer Sua habitação para a terra e, na verdade, quis fazer do homem Sua habitação. Deus ama Sua Casa e deseja que ela cresça. O que nós estamos fazendo é trabalhar nessa obra de expansão, por isso não podemos lançar outro fundamento além do que já foi colocado. Precisamos edificar sobre o fundamento que foi lançado pelos apóstolos.
A figura da Casa de Deus, como podemos ver em Sua Palavra, é sempre um cubo, pois este define as três dimensões, Pai, Filho e Espírito Santo. O Santo dos santos era em forma de cubo, o tabernáculo edificado por Davi era igualmente feito nesse formato, e a Nova Jerusalém descrita em Apocalipse 22 também é em forma de cubo.
 
Como construir a Casa de Deus?
Construir a Casa de Deus pode se comparar à construção de uma casa comum. Para construirmos uma casa, precisamos de três pessoas. A primeira é o proprietário, e sabemos que o Pai é o proprietário. Em segundo lugar, precisamos de um arquiteto – o Senhor Jesus é o arquiteto, foi Ele quem projetou a Casa de Deus, por isso ela precisa refletir a pessoa do Senhor. Em terceiro lugar, precisamos do construtor ou realizador da obra, que é o Espírito Santo.
Os apóstolos usavam a parábola da casa de pedra para explicar a edificação da Igreja:
Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. (1Pe 2.5)
O cristianismo é uma religião singular. As outras religiões possuem três elementos separados – um templo, um sacerdote e sacrifícios –, mas, no cristianismo, esses três são reunidos em um só: não temos um templo, pois o templo somos nós, assim como somos o sacerdote e o próprio sacrifício vivo diante do Senhor. O conceito de Deus é bem simples, e tudo se resume em sermos as pedras vivas. A morada de Deus é muito simples, por isso a Igreja precisa ser assim também, e ser sempre movida pelo propósito eterno de Deus.
Pedro nos diz que a Casa de Deus é feita de pedras vivas, mas não somos apenas as pedras vivas, somos também os construtores: 
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. (1Co 3.10)
Paulo disse: “cada um veja como constrói”. Isso significa que todos nós somos construtores. Mas, também somos o material de construção: as pedras vivas. Quando praticamos o ministrar uns aos outros, edificamos uns aos outros e, assim, construímos casa para Deus.
Uma revelação importante dentro da visão celular é que “cada membro é um ministro”. Ser ministro é ser servo ou trabalhador, e em Efésios, Paulo nos mostra qual é realmente o trabalho do ministro: 
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef 4.11,12) 
Nesse texto, vemos três elementos importantes. Em primeiro lugar, temos os cinco ministérios que são os treinadores. Em segundo lugar, temos os santos que são treinados pelos cinco ministérios – a palavra “aperfeiçoar”, usada no texto, seria mais bem traduzida como “treinar”. E, por fim, ficamos sabendo que os santos são treinados para fazer um trabalho: a edificação da Igreja. O trabalho de edificação ou construção da Casa de Deus é de todos os santos. Todos são ministros e todos devem ser treinados para isso pelos cinco ministérios.
 
O trabalho de cada crente
Cada crente é um ministro, mas que serviço ele deve desempenhar para edificar a Igreja? A Igreja não é o prédio, nem bancos ou as programações, nem mesmo as atividades que tanto prezamos. A Igreja existe sem nenhuma dessas coisas. Na Igreja Primitiva não havia a maioria das atividades que existem hoje. Eles não possuíam nem mesmo a Bíblia escrita à disposição deles, como existe hoje. E mesmo que houvesse, pouco adiantaria, pois 70% da Igreja do primeiro século eram constituídos de escravos, que não sabiam ler. Mas, esta foi a Igreja que colocou o Império Romano de joelhos.
Hoje, muitos reclamam de não terem tempo para se envolver na vida da Igreja, mas, imagine naquela época, Paulo marcando uma programação e eles respondendo que não podiam, pois tinham que pedir permissão para seus senhores. Relatos históricos afirmam que eles reuniam a Igreja apenas no domingo, e isto às cinco horas da manhã. Por um lado, escolheram esse horário porque foi a hora em que Jesus ressuscitou, mas o outro motivo, mais pragmático, é que, àquela hora, seus senhores ainda estavam dormindo. 
Assim, o mundo inteiro foi ganho por uma religião de pescadores, composta em sua maioria de seguidores que eram escravos. E como eles ganharam o mundo inteiro sem fazer nada do que nós fazemos hoje? A mola-mestra do trabalho da Igreja primitiva era o ensino dos apóstolos e hoje, infelizmente, procuramos outras estratégias.
A Igreja, a Noiva, é o centro do coração de Deus. Ela é composta de filhos, e somente pode ser edificada por relacionamentos de vida. Qualquer pessoa que não seja completamente pela Igreja, não está sendo completamente para com Deus também. E qualquer pessoa que seja negativa para com a Igreja está, na verdade, ofendendo a Deus. Quando alguém quer parecer inteligente, culto e argumentativo, sempre procura falar mal da Igreja. Quando um teólogo quer se destacar, ele simplesmente fala algo negativo sobre a Igreja. Ele sabe que, desta forma, atrairá para si muita atenção. É obvio que há muitas deficiências e debilidades na Igreja, contudo, a despeito de todas elas, ela não deixou de ser a Igreja. Ninguém que tenha sido negativo para com a Noiva prevaleceu com o Noivo e recebeu Seu elogio. Devemos, então, ser muito cuidadosos porque o desejo do coração de Deus, hoje, é preparar a Igreja. Este é o trabalho de Jesus e a obra de Deus.
O primeiro ponto que precisamos observar é que o Senhor cocedeu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres para a Igreja com um objetivo: o aperfeiçoamento dos santos, com vistas ao desempenho do seu serviço. Estamos acostumados a pensar nessas funções em termos de cargos e, geralmente, associamos esses ministérios a algum tipo de hierarquia eclesiástica, todavia, esta não é a visão que Paulo descreve. Esses apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres foram dados “com vistas a”, isto é, com o objetivo de, aperfeiçoar os santos. A palavra “aperfeiçoar”, no original, significa “treinar”. Então, poderíamos dizer que Ele concedeu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres com vistas ao treinamento dos santos. 
Sendo assim, para que temos apóstolos na Igreja? Para o treinamento dos santos, isto é, para treinar os santos a fazerem o serviço apostólico. Para que temos profetas na Igreja? A resposta mais uma vez é: para treinar os santos; treiná-los para fazerem o que os profetas fazem: profetizar. Para que temos evangelistas na Igreja? A resposta não pode ser outra: para treinar os santos a evangelizar, obviamente. E nós pensávamos que o evangelista era aquele que ganharia a cidade inteira sozinho. Que ilusão! O evangelista, naturalmente, também evangeliza, mas seu trabalho principal é treinar os santos para evangelizar. Para que temos pastores na Igreja? A resposta de Paulo é: para treinar os santos a fazerem o trabalho de apascentamento. E, finalmente, para que temos mestres na Igreja? Obviamente, para ensinar, mas, primordialmente, para treinar cada membro a fim de que ele possa ensinar e discipular outros.
Que mudança de paradigma! O nome dos treinadores apenas aponta para a matéria pela qual ele é responsável por ensinar aos membros. O serviço do ministério de cada crente exige que ele seja treinado para profetizar, evangelizar, apascentar, ensinar e ser enviado. Esta é a obra do ministério para a qual todo crente deve ser treinado. Nisto consiste o trabalho de edificação da Igreja.
Portanto, para fazer a obra de edificação da Casa de Deus, precisamos de, no mínimo, cinco matérias ministradas por cinco treinadores. Não devemos pensar nos cinco ministérios como um grupo de “supercrentes”, antes, precisamos vê-los como um grupo de treinadores. Procure ver esses ministérios como cinco matérias que fazem parte do currículo de treinamento de todo crente. Todos nós temos que ser treinados em todas essas áreas e exercer, numa certa medida, esses cinco ministérios. O serviço para o qual precisamos ser treinados nada mais é que realizar essas cinco atividades, pois edificar a Igreja, na verdade, é fazer todas elas. Só podemos dizer que estamos edificando a Casa de Deus se fizermos as cinco.
Essas cinco tarefas constituem o desempenho do ministério ou do serviço a que o texto de Efésios se refere. Os apóstolos, os evangelistas, os mestres e os pastores estão treinando os santos para o serviço do ministério. Mas, qual é esse serviço? É ganhar almas como o evangelista ganha, é ensinar como o mestre ensina, pastorear como o pastor pastoreia, profetizar como o profeta e ser enviado como o apóstolo. Esse é, na verdade, o serviço de edificação dos santos.
É muito conhecido o slogan da visão celular que foi espalhado por todo o mundo: Ganhar, Consolidar, Edificar, Treinar e Enviar. Ganhar é o treinamento que o evangelista deve fazer. Consolidar é o treinamento que o pastor fará com cada santo. 
Treinar é a função do mestre. Edificar é função do profeta, e enviar é o trabalho do apóstolo. Podemos, então, notar que esse slogan é absolutamente correto do ponto de vista bíblico, e está completamente de acordo com o propósito eterno de Deus.
Os ministérios estão aqui para treinar os santos, e o objetivo de tal treinamento é a edificação do Corpo de Cristo. A maneira que Paulo encontrou de mostrar o serviço foi enumerando os treinadores, pois as matérias do curso e seus treinadores mostram o conteúdo do trabalho a ser feito. Os cinco ministérios não são somente pessoas, mas representam matérias que devem ser ensinadas a toda a Igreja para que todo crente faça a obra do ministério. Cada crente deve ser treinado para realizar o trabalho do apóstolo, do profeta, do evangelista, do pastor e do mestre. Este é o trabalho que todos devem fazer. Somente quando os crentes executam essas cinco tarefas, a Igreja pode ser edificada e podemos dizer que estamos de acordo com o propósito eterno de Deus.
 
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Pr. Aluizio A. Silva
Vinha - Videira e Ministérios Associados