3º Dia-O propósito eterno em Gênesis

10/10/2012 23:43

 

Terceiro Dia
O propósito eterno em Gênesis
 
 
Compreender o propósito de Deus para o homem é fundamental para a edificação da Igreja, pois é através dessa compreensão que cada um de nós, seus membros, passa a conhecer a razão pela qual foi criado. O propósito não é algo que escolhemos, mas é determinado por Aquele que nos criou. Sendo assim, nossa tarefa é descobrir qual foi a intenção de Deus ao nos fazer.
O homem foi criado no sexto dia. O primeiro dia do homem é o sétimo de Deus. Isto é um sinal do propósito pelo qual fomos criados. Quando Deus criou o homem, não o colocou numa fábrica para trabalhar, e sim no Éden, que significa lugar de delícias. Fomos criados para desfrutar do Senhor e termos prazer nele.
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gn 1.26-28)
Em Gênesis, podemos ver claramente que o principal propósito de Deus foi ter o homem para expressá-lo e representá-lo. Cada animal foi criado segundo a sua espécie, mas o homem foi criado conforme a espécie de Deus. Deus é apenas um, mas disse “façamos”, pois é um ser triuno: Deus, Jesus e o Espírito Santo. O homem era apenas um, mas Deus disse “dominem” (Bíblia de Jerusalém), porque Deus tinha em mente sua Igreja, a Nova Jerusalém. Isso não significa, porém, que o homem é, ou algum dia será Deus, pois só há um Deus. Contudo, foi feito semelhante a Deus e pode ter comunhão com Ele porque é do mesmo tipo e possui a mesma natureza. Certamente, não é possível pensar num propósito mais glorioso que este: ser feito à imagem de Deus.
 
1. Para ser um vaso
...A fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios. (Rm 9.23,24)
Nós somos vasos de Deus para que Ele seja nosso conteúdo. Assim como garrafas foram feitas para conter água, nós fomos feitos para conter Deus. Uma boa ilustração disso é a luva: ela é a imagem e semelhança da mão, mas não é a mão; apenas foi criada conforme a mão com o propósito de contê-la. Do mesmo modo, o homem foi criado à imagem de Deus, com o propósito de contê-lo. Contudo, ainda que seja feita à imagem e semelhança da mão, uma luva só tem sentido se tiver a mão como conteúdo; somente assim ela adquire forma e propósito. Do mesmo modo acontece com o homem: é a imagem e semelhança de Deus, mas, se o Senhor não estiver dentro dele, não passa de uma “luva” vazia caminhando pelo mundo. Além disso, somente a mão para a qual a luva foi feita pode preenchê-la completamente. E o mesmo acontece com o homem, pois somente Deus pode completá-lo plenamente.
O homem foi criado à semelhança de Deus para que pudesse contê-lo e ter comunhão com Ele. Assim, porque Deus é espírito, o homem também foi feito um ser espiritual, para que, sendo do mesmo tipo, pudessem ter comunhão um com o outro. A respeito de todos os animais, se diz que foram feitos segundo a sua espécie, mas a respeito do homem, se diz que foi feito semelhante a Deus. Nós somos da espécie de Deus.
Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (Jo 4.24)
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Ts 5.23)
O homem é vaso de Deus e, segundo a Bíblia, é formado por três partes: corpo, alma e espírito. O corpo é a parte física e foi criado para ter contato com as coisas da esfera material; é a parte mais superficial. A alma é a psique, a parte psicológica que contém emoções, vontade e pensamentos. Foi criada para ter contato com as coisas do mundo psíquico e é uma parte mais profunda que o corpo. O espírito é a parte mais profunda do homem, pertencendo ao nível espiritual, e foi criado para ter contato com as coisas de Deus; é o recipiente onde Deus habita no homem.
O propósito de Deus era, e ainda é, entrar no espírito do homem para preenchê-lo e ser sua satisfação. Este é o propósito da existência humana. Portanto, não fomos criados apenas para conter comida em nosso estômago ou conhecimento em nossa mente. Fomos criados para conter Deus em nosso espírito. Sem Deus, nós somos vazios. Mas, quando compreendemos que o Senhor é nosso conteúdo, passamos a entender que tudo em nós tem que acontecer a partir dEle. Quando compreendemos que, agora, nossa vida está oculta em Deus e Ele está em nós, pois “aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1Co 6.17), nossa maneira de ver e viver a vida cristã é totalmente transformada. Tudo de que precisamos para ser, para viver e praticar a Palavra de Deus já está dentro de nós; todas as virtudes estão resumidas em uma só pessoa, Jesus Cristo, que é a vida dentro de nós. Nossa sabedoria é apenas o recipiente para a sabedoria de Cristo. Nosso amor é o recipiente para o amor de Cristo.
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. (1Co 1.30)
Precisamos entender que carregamos Deus dentro de nós por toda a eternidade. Uma vez que nascemos de novo e o Espírito de Deus entrou em nós, estamos unidos com Ele para sempre. Fomos unidos de tal maneira, que é impossível nos separar. Deus tornou-se um conosco em nosso espírito.
Contudo, infelizmente, podemos resistir à vida de Deus para que ela não domine em nós. Por isso, às vezes, Ele precisa nos quebrar, quebrar nossa alma para que Ele, que é nosso conteúdo, possa se expressar através de nós. Então, quando nos abrimos e deixamos que Ele tenha o controle, experimentamos o que é ser, de fato, um vaso cujo alvo é expressar completamente a imagem de Deus.
Deus é invisível, no entanto, tem uma imagem. A imagem de Deus é Cristo.
Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2Co 4.4)
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. (Cl 1.15)
Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou. (Jo 1.18)
Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. (Hb 1.3)
Uma vez que o homem foi criado à imagem de Deus, e a imagem de Deus é Cristo, então o homem foi criado à imagem de Cristo. Todavia, um dia, Cristo veio se fazer semelhante ao homem.
Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (Fp 2.6-8)
Em toda a Sua glória e grandiosidade, esse Deus maravilhoso e soberano teve um propósito de criar o homem para que este pudesse ser um com Ele. Deus quis compartilhar algo de Sua natureza divina conosco de tal maneira que, no final, seremos tal qual Ele é.
Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. (1Jo 3.2)
Por causa da queda, perdemos parte da semelhança com Deus, porém, quando Jesus veio, Ele nos deu a promessa e o Espírito para que fôssemos transformados novamente à Sua imagem. Cristo se fez homem para que pudéssemos ser como Ele é, para que recebêssemos a vida de Deus em nós e pudéssemos nos unir a Ele, tornando-nos um só.
Não há glória maior que esta: tornar-se semelhante a Deus e unir-se a Ele. Nem mesmo os anjos desfrutam de algo assim, pois não são semelhantes a Deus, não carregam a natureza divina em si e não são um só espírito com Ele, como nós somos. Essa semelhança e unidade com Deus é um privilégio exclusivo reservado aos filhos de Deus.
 
2. Para ser um instrumento
O homem também foi criado para ser um instrumento nas mãos de Deus, sujeitando e dominando a terra. Este é um aspecto extraordinário da graça de Deus: Ele não precisa de nada nem de ninguém, na verdade, Ele “Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17.25). Porém, misteriosamente, Deus nos criou para sermos seus ajudantes, servos, cooperadores.
Deus criou o homem para ser um instrumento dEle a fim de trazer o Seu governo novamente sobre todas as coisas, pois, antes da criação do homem, Lúcifer já havia caído e se tornado Satanás, trazendo com ele a rebeldia. Ele fora lançado na terra e esta se tornou o único lugar no universo onde a autoridade de Deus é questionada. Por isso, em certo sentido, fomos criados para resolver um problema de Deus, dominando algo que estava fora de controle e exercendo esse domínio em Seu lugar.
Deus deu ao homem a autoridade para exercer o domínio como se fosse Ele mesmo. E, para isso, o fez à Sua imagem – quem visse Adão, saberia que ele representava Deus, pois era semelhante a Ele. Assim, porque ele tinha a imagem, exercia o domínio, pois a imagem é para expressar e o domínio para exercer autoridade e ter um reino. Conserve em sua mente as duas palavras mais importantes aqui: imagem e domínio. Porque temos a imagem, exercemos o domínio. 
Quando vemos as ordens que Deus deu a Adão, Sua intenção de fazer do homem um instrumento fica evidente:
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gn 1.28)
 
a) Crescer e multiplicar
Deus quer ter muitos filhos semelhantes a Ele, por isso criou Adão à sua imagem e semelhança e ordenou que se multiplicasse e desse origem a outros iguais ao Criador. Ele poderia ter criado milhões de homens de uma só vez, porém, desde o início, Deus já mostrou que um dos aspectos de Sua obra é trabalhar gradualmente, através de sementes.
Após a queda, contudo, o homem passou a gerar filhos semelhantes a si mesmo, pois a partir de então, tornou-se pecador e passou a trazer em si a imagem do pecado, que é o diabo. Deus, então, rejeitou a velha criação e enviou Jesus. Sabemos, portanto, que o Senhor Jesus veio para cumprir aquilo que Adão falhou em cumprir. 
Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. (1Co 15.45-49)
Adão, a velha criação, era alma vivente, mas Jesus, e com Ele a nova criação, é espírito vivificante, ou seja, as ordens para Adão seriam cumpridas na esfera natural, e hoje, em Cristo, as mesmas ordens são cumpridas na esfera espiritual. Todos nós também recebemos a ordem de crescer e multiplicar, não na esfera natural, mas na espiritual.
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mt 28.19,20)
E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. (Mc 16.15)
Um ministério que não se empenha no crescimento não entendeu o propósito de Deus para ele. O reino do diabo está estabelecido neste mundo e nós somos instrumentos de Deus para desfazer as suas obras e prevalecer sobre ele. Mas isso só vai acontecer se pregarmos o evangelho, gerarmos vidas, crescermos e multiplicarmos, pois, à medida que o reino de Deus cresce, mais espaço toma do reino do inimigo. O espaço é limitado – para que um cresça, o outro tem que diminuir. Assim, quando pregamos o evangelho, estamos tomando espaço do diabo e desfazendo suas obras.
 
b) Sujeitar
Há uma diferença entre o problema do homem e o problema de Deus e, portanto, a solução para eles também é diferente. O problema de Deus foi a queda de Satanás, que está usurpando a autoridade sobre a terra. Para resolvê-lo, é preciso que Seu reino venha e, para tanto, precisamos destruir as obras do diabo. Já o problema do homem é que ele caiu e precisa receber a salvação, que vem através da pregação da Palavra.
Deus nos criou para resolver a primeira questão, ou seja, estabelecer Seu reino na terra. Isso significa que nossa tarefa não é apenas pregar o evangelho, mas também desfazer as obras do diabo. A Igreja está aqui para sujeitar o inimigo, tanto no nível individual quanto no coletivo. Sujeitamos as obras do diabo quando expulsamos demônios e curamos enfermos. Por isso, quando Jesus realizava alguma dessas coisas, dizia que era chegado o reino e Deus. Assim, é necessário que nós, como Igreja, confrontemos as obras do diabo onde quer que as encontrarmos. Além disso, individualmente, cada um de nós deve aprender a subjugar o diabo. Portanto, todos precisamos lidar com ele, sujeitando-o em todas as esferas de nossa vida. E, para isso, Deus nos deu os instrumentos necessários: o nome de Jesus, a espada do Espírito, o próprio Espírito Santo em nós e mais uma série de armas espirituais poderosas em Deus.
O alvo de Deus é que Seu reino venha sobre a terra, e Ele atingirá esse objetivo através do homem:
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. (Mt 16.19)
E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. (Rm 16.20).
Lembre-se de que o problema do homem é que ele caiu e precisa receber a salvação. O problema de Deus é que Satanás está usurpando a autoridade sobre a terra. Portanto, todos nós precisamos lidar com o inimigo, sujeitando-o em todas as esferas de nossa vida. Sujeitar o inimigo é vencê-lo em todas as circunstâncias, não deixando que ele leve vantagem em nenhum momento. Quando negamos o ego, ou quando louvamos e adoramos a Deus, estamos sujeitando o diabo, pois ele foi um adorador que caiu, mas nós escolhemos adorar a Deus voluntariamente. O ego é a expressão do orgulho satânico e, quando o negamos, sujeitamos Satanás.
 
c) Dominar
A esfera do domínio do homem é simbolizada pelo mar, a terra e o ar. Jesus mostrou-nos que até mesmo os animais mencionados em Gênesis 1.28 simbolizam demônios no restante das escrituras.
O mar simboliza a morte e é um lugar de habitação de demônios, aqui representados pelos peixes. Em Apocalipse lemos que o mar deixará de existir: 
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. (Ap 21.1)
A terra é o campo de atividades de Satanás. Os animais que rastejam são notoriamente símbolos de demônios, como a serpente que simboliza o próprio Satanás, assim como os répteis e os escorpiões. 
Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. (Lucas 10.19)
O ar é o lugar da habitação dos anjos caídos (Ef 2.2). As aves do céu simbolizam demônios, tanto em Efésios como na parábola do semeador, onde as aves que roubavam a semente do coração dos homens eram também demônios. 
E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram... A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. (Mt 13.4, 19)
Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. (Ef 2.2)
 
3. Imagem e domínio
O ponto central dos versículos 26 a 28 do primeiro capítulo de Gênesis é “imagem e domínio”. O propósito de Deus, desde Adão, era dar ao homem Sua imagem e domínio. O homem recebeu a imagem de Deus para exercer o domínio na terra em Seu lugar. A imagem é a base da autoridade e do domínio – é porque se parece com Deus que o homem pode exercer autoridade. O homem recebeu a imagem de Deus para exercer o domínio na terra no lugar de Deus. Como representante de Deus, Adão precisava expressar Deus em sua imagem. Portanto, a base da autoridade ou domínio é a imagem. É porque nos parecemos com Deus que temos Sua autoridade. Tudo é determinado por aquilo com que nos parecemos – se com escorpião, serpente, cordeiro ou filho de Deus. 
Imagem nos fala de sacerdócio, e autoridade e domínio nos falam de realeza. O Novo Testamento nos mostra que Deus nos fez reis e sacerdotes (Ap 5.10), assim, vemos que a imagem e o domínio estão ligados a dois princípios no Novo Testamento: sacerdócio e realeza, respectivamente. A imagem precede o domínio, e o sacerdócio introduz a realeza. Por isso João Batista veio antes, a fim de introduzir o Rei Jesus (Mt 3.1-3).
A principal função do sacerdote era levar as pessoas a Deus. A realeza, por outro lado, tem a função de representar Deus diante dos homens. O primeiro ministério foi o sacerdócio, mas ele introduz a realeza, assim como Samuel, o sacerdote, constituiu Davi como o rei. O mesmo ocorre na Igreja hoje. Se formos genuínos sacerdotes, seremos introduzidos na realeza. Primeiro somos sacerdotes levando as pessoas até Deus, então nos tornamos reis manifestando a autoridade do Reino sobre a terra. Todo verdadeiro evangelista precisa ser como um rei. Jesus nos deu Sua autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e, quando agimos assim, somos reis. Para ter domínio é preciso ter imagem, assim como para ter realeza é preciso, antes, ter sacerdócio.
Em Gênesis, imagem e domínio aparecem em forma de uma semente que se desenvolve ao longo de toda a Bíblia até que, em Apocalipse 5.10, vemos o resultado da germinação e do crescimento dessa semente: “e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra”. Este é o cumprimento do propósito de Deus para o homem. No final, nós reinaremos sobre a terra como reis e sacerdotes.
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1Pe 2.9) 
Deus quer que sejamos bons mestres da Palavra, mas, acima de tudo, Ele quer que expressemos Sua imagem pelo sacerdócio que, para nós hoje, fala do tempo que investimos na presença dEle.
Depois que o homem caiu, ele perdeu a imagem de Deus. Hoje, o homem nasce com a figura do pecado, pois perdemos a glória de Deus (Rm 3.23). Assim, a obra do Espírito, hoje, é nos transformar para podermos expressar Deus, mudando nossa imagem espiritual através da renovação da nossa mente por meio da Palavra, como disse Paulo, a fim de que possamos exercer domínio, realeza. Somente quando nossa mente é renovada para pensar de acordo com a Palavra é que somos transformados novamente na imagem do Senhor.
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12.2)
Além disso, precisamos contemplar o Senhor. Quanto mais tempo gastamos na presença de Deus, mais a imagem dEle vai sendo impressa em nós, mais ficamos cheios da glória dEle.
E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2Co 3.18)
Por toda a Palavra de Deus, vemos que somente aqueles que expressaram a imagem puderam exercer autoridade e domínio. Abraão é a primeira pessoa da qual se diz que venceu o inimigo, e ele o fez porque edificou um altar. Altar nos fala de oração e consagração – quanto mais oramos e adoramos, mais ficamos parecidos com Deus. E quanto mais mostramos Sua imagem, mais autoridade temos.
José também manifestou domínio e autoridade porque ele andou em santidade e cumpriu o propósito de Deus. Todos nós sabemos que a santidade é a imagem de Deus.
A respeito de Moisés, se diz que sua face brilhava por causa da glória de Deus (Ex 34.29,30). Assim, ele teve autoridade para governar a casa de Israel e para vencer o inimigo (Ex 14.30,31). Paulo diz que precisamos contemplar o Senhor e sermos transformados de glória em glória na imagem dEle (2Co 3.9). Quando isso acontece, temos autoridade e domínio.
Foi Davi quem derrotou o inimigo e não Saul, porque era Davi quem tinha a imagem de Deus sobre si. Um adorador sempre acaba por manifestar a imagem de Deus.
Daniel foi um homem que andou em santidade diante de Deus, alguém que expressava Deus (Dn 1.8), por isso foi colocado numa posição de domínio e autoridade.
Por fim, o próprio Senhor andou aqui na terra como homem comum, mas manifestou autoridade sobre todas as coisas, porque Ele continuamente expressava Deus, até ao ponto de ser transfigurado diante dos discípulos, expressando a imagem que trazia da glória de Deus.
 
A bênção de Deus 
E Deus os abençoou... (Gn 1.28a)
Esse versículo mostra a primeira vez em que a palavra bênção é mencionada na Bíblia. E em que circunstância esta bênção foi liberada? Quando Deus alcançou Seu propósito, ou seja, quando teve o homem com Sua imagem para exercer Seu domínio. Depois de ter concluído Seu trabalho, então, Ele abençoou o homem. Assim, vemos que a bênção não é algo aleatório, mas alcança aqueles que estão debaixo do propósito do Senhor para sua vida. 
A bênção está no propósito – ter o homem com Sua imagem para exercer Seu domínio. Hoje, esses dois aspectos se manifestam pelo sacerdócio e pela realeza. A imagem de Deus e Seu domínio se manifestam pelo sacerdócio e pela realeza. Quando entramos no sacerdócio, temos fé para exercer a realeza e, então, a bênção de Deus vem sobre nós.
 
O descanso de Deus
E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. (Gn 2.3)
Deus descansou, não porque estivesse cansado, mas porque estava satisfeito. Sendo assim, podemos dizer que o significado do descanso de Deus é satisfação e prazer. A satisfação de Deus está ligada com Seu propósito consumado. Deus havia planejado ter o homem com sua imagem para exercer o domínio. Então, após criá-lo no sexto dia, Deus disse que tudo era muito bom (Gn 1.31) e, no dia seguinte, descansou.
O descanso é um princípio na Palavra de Deus, e a maneira apropriada de servirmos a Ele é no descanso. Isso vale para nós hoje também. Quando não encontramos satisfação no Senhor e não estamos dentro do seu propósito, não encontramos descanso. Antes, nossa vida torna-se um tremendo fardo para nós.
Em Gênesis 1.31 vemos Deus dizendo que tudo era muito bom, e Ele só disse isso no sexto dia porque foi ali que o homem foi criado. Se desejamos entrar no descanso, temos de cumprir estas duas condições: satisfação e propósito.
Naturalmente, sabemos que o homem caiu e, com isso, quebrou o descanso de Deus. Jesus disse, como vemos em João 5.17: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Depois que o homem caiu, Deus voltou a trabalhar para trazê-lo de volta à posição em que poderá cumprir Seu propósito eterno.
 
 
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Pr. Aluizio A. Silva
Vinha - Videira e Ministérios Associados